quinta-feira, 1 de maio de 2008

Musa

Na imensidão perpétua do vazio que me consome, do vazio que sou eu também, aguardo silenciosamente a tua chegada. Na imensidão perpétua, no vazio, na ausência, aguardo... Aguardo a tua chegada porque não quero mais fingir que não te amo, não quero mais ser este negro espelho sem humanidade, não quero mais ser a escuridão que ninguém sente, que ninguém vive, que ninguém quer... Quero ser o azul que admiro quando te contemplo, o azul que me inunda os olhos, a alma, que me pinta as lágrimas nos momentos em que o meu triste sorriso recebe com carinho a tua chegada... Quero ver mais uma vez o teu esvoaçante caminhar, quero ver as estrelas deixarem de brilhar com a tua presença... E por isso aguardo, na imensidão perpétua deste vazio que sou eu...
Então sinto o vazio ficar mais pequeno, deixar de ser vazio para ser apenas tristeza, sinto as estrelas deixarem de brilhar, a tua melancólica presença abraça-me lentamente... E oiço uma lágrima crescer na minha alma, uma lágrima que é pintada pelo teu azul... E então deixo me perder, para sempre...
Minha musa, em lágrimas quero amar-te, neste olhar que é teu mergulharei no azul que apenas tu irradias, e para sempre ficarei. Mata o meu pensamento, quero ser apenas sentimento, quero ser apenas movimento, eterno pássaro seguidor de uma vida, da tua vida. Deixa-me admirar-te na eternidade, deixa-me apenas sentir esse azul que não é céu, que não é mar. Esse azul que és tu... Deixa-me ser o teu coração, vamos unir a minha escuridão e o teu azul. Talvez assim consiga deixar de pensar... Talvez assim deixes de deslumbrar aqueles que têm olhos para te sentir. Talvez ao ser teu faça com que sejas só minha... E numa lágrima, numa eterna lágrima azul, direi obrigado...