segunda-feira, 5 de julho de 2010

Caixa Infinita


É neste espaço pequeno que guardo o mundo. É nesta pequena caixa invisível que te toca, que te ama, que guardo o meu mundo. Aqui mesmo, onde o Nada não se ouve, mas se sente infinito, guardo este pequeno mundo. Neste espaço.
Não, aqui não falarás de tempo, essa morte não cabe nesta caixa, essa morte não abraça o infinito. Não, nesta caixa não te ouvirás, nunca no infinito caberá a dor que nasce, apenas na morte. Ao ser tempo, essa dor não cabe num espaço, não neste espaço.
Porque guardo então esta caixa? Aqui não cabe o tempo, ou a dor, que tão humanos nos fazem. Porque quero então o mundo se nem dor, nem tempo, nem morte, lhe dão cor? Porque sei que esta caixa é infinita. Porque sei que, não sentindo nela consciência abraço a existência, que melancólica nunca nasceu em ilusão.
Não, não é por ser uma caixa que este espaço tem um fim. Não, não é ilusão. O infinito não compreende um tempo sem fim, apenas um espaço sem fim. A vida não morre por não ter onde brincar, morre por não ter mais quando brincar. E não morrerá nunca o parque onde brincou a semente, apenas lhe roubarão o Sol. Assim, mesmo quando o tempo não termina, ele continuará caminhando. E nada será infinito na essência, apenas permanentemente progressivo.
Roubei o tempo ao mundo que neste espaço pequeno guardo. Roubei-o. Agora o mundo é apenas este local, esta caixa, e nada muda, nada caminha. O Nada não morre, não envelhece, nunca.
Entra comigo nesta caixa, vem sentir o que te conto. Anda perder-te neste infinito imutável onde a tristeza ganha estranha tranquilidade. Não, não sairás. Não, não morrerás. Não, não sentirás dor.
Apenas serás infinita.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial