quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Imaginário

O Sol põe-se... As estrelas começam a brilhar e a Lua prepara-se para mais uma demonstração do seu esplendor e da Sua luz... Apoiado na janela olho para o Céu e mais uma vez me perco Nele, deixando-me levar nas suas asas para o mais longínquo dos lugares, para o mais eterno dos momentos, e, sentindo o beijo da brisa da Noite, deixo-me levar para onde já não me encontrava há muito tempo... Levado pela Noite, pelo Céu, pela brisa e pelas estrelas, regresso ao único passado que nunca tentei esquecer, o único passado que guardei na minha Alma, no mais sercreto dos cantos, no mais profundo dos lugares...
Foi talvez este o último momento da minha pureza, da minha inocência, talvez o último momento antes de cair nesse veneno a que chamamos realidade... Era um sentimento tão bom, uma felicidade tão sincera, uma paz tão grande, que não sei como pude deixar fugir tamanha sedução, tamanho esplendor...
A este passado, a este lugar, a este sentimento, fui trazido pelo sonho que um dia tive, o sonho em que Ela e eu nos amávamos, o sonho em que eu deixava de existir para fazer parte dela, para com ela criar momentos que nunca seriam contados, momentos que um dia seriam estrelas no Céu, momentos que nos tornariam eternos... Tão grande foi este sentimento, tão majestoso foi este passado em que me perdia, tão forte era o desejo que por Ela tinha... No Seu Azul encontrava todo o Mundo, naquele Azul infinito, que era mais azul que o Céu, que era mais profundo que o Mar e que era mais sereno que a Noite, perdi-me, esqueci-me, deixei-me, sonhei mais alto do que alguém alguma vez sonhou e criei este lugar onde A lembrava, onde recordava todos os Seus promenores, onde tudo era transparente, onde a leveza da alma de cada coisa se ultrapassava, onde o Universo se criava, onde as estrelas se tocavam e onde a minha alma cantava...
Nunca me canso de lembrar este lugar, de lembrar este último momento, de o tentar tornar eterno, nunca me canso de lembrar o que Ela criou em mim, e nunca me cansarei de lembrar o Seu Azul...
Mas esse momento apenas fora eterno no meu imaginário, no meu sonho... Acabei por me aperceber que ali me encontrava sozinho, que o sonho apenas era meu, que toda aquela beleza, que toda aquela eternidade, que todo aquele infinito não era mais do que a mais bela ilusão que o Mundo alguma vez presenciou, e acabei por me aperceber que Ela nunca estivera comigo... Tudo caíu, tudo se desmoronou e toda a beleza e serenidade que ali havia criado desaparecera num lamento arrastado e demorado... Aí caí, aí sim provei o veneno, e aí sim começou toda a minha desgraça, a queda que ainda não acabou...
Foi por essa mesma queda que hoje me deixei levar pela Noite, pelo Céu, pela brisa e pelas estrelas a este local, a este sentimento que nunca morreu... Porque Hoje Tu me encontraste, porque Hoje amparaste a minha queda, porque hoje me fizeste olhar de novo para o Céu... Porque Hoje me fizeste voltar a acreditar, e porque hoje fizeste com que o sonho começasse a despertar, porque criaste em mim a vontade de voar, de voármos, e de me perder contigo no local que um dia imaginei, no sentimento que um dia sonhei... Porque talvez Hoje tenha começado o mais belo dos sonhos, porque talvez Hoje não ficarei sozinho no meu imaginário...

3 Comentários:

Blogger The Sorrow disse...

A vida como uma marioneta... seguimos os passos da nossa mente... seguimos o amor... Amor que nos leva ao tormento da memoria quando temos medo de perder algo, ou que perdemos. Saudades... deixa-nos um vazio enorme. A vontade de chorar é enorme... Medo da mundança... Medo da solidão... medo de estar só quando temos alguem ao nosso lado e mesmo longe. Vontade de morrer... para estar bem longe disto tudo. Para não sofrer...

Gostei imenso deste texto. Apenas consegui arranjar estas palavras para descrever o que senti em ralação a ale...

quarta-feira, 07 março, 2007  
Anonymous Anónimo disse...

Bonito o texto. E quem te faz sonhar?

domingo, 18 março, 2007  
Blogger Diana disse...

William Blake - Auguries of Innocence

To see a world in a grain of sand,
And a heaven in a wild flower,
Hold infinity in the palm of your hand,
And eternity in an hour.

quinta-feira, 17 julho, 2008  

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