sábado, 30 de dezembro de 2006

Morreste...

Não sei porque demorei tanto tempo a escrever isto... Acho que foi por não o aceitar, por negá-lo e por me esquecer que a Morte é real... Por momentos senti raiva... Raiva por teres morrido, raiva por teres ido sem nos despedirmos, raiva por partires e não me teres levado contigo... Dentro da minha loucura habituei-me a acreditar que a Morte não passava de um sonho, de algo que já tinha ultrapassado há muito e que não voltaria a assombrar-me... Mas enganei-me... Ela voltou, e como voltou... Levou-Te, aquela que eu achava que nunca iria, aquela que não A temia que não A combatia, que A aceitava... Mas ainda assim a Ela levou-Te...
Quando soube que tinhas ido, que te tinhas juntado ás almas que nunca descansam, não acreditei... Alguém se devia ter enganado... Mas não... Quanto Te vi, quando vi o corpo em que arrastavas a tua alma nesta vida injusta e efémera, acreditei... Pude ver com os meus próprios olhos que o vulto que fazia o lençol erguer-se por cima do caixão eras Tu... Eras Tu que estavas ali, debaixo do lençol, deitada naquele caixão, naquela sala que por um momento me derrubou, e que parecia indiferente á tua partida... Mas eu não fiquei indiferente... Como poderia ficar? Finalmente foste derrubada, finalmente foste vencida, abandonando-Nos e deixando apenas em mim a Tua memória, os momentos eternos que foram sempre mais do que memórias, que ficaram no meu coração, mais presentes do que o sangue que me corre nas veias...
A tristeza desfez-me... Foi uma força avassaladora que me derrubou como se fosse apenas um obstáculo no Seu caminho, deixando-me perdido e continuando a Sua jornada. Chorei... Meu Deus como chorei... Tudo á minha volta parecia indiferente, as pessoas, o lugar, a sala, Tu... Senti-me sozinho na minha mágoa, na minha Saudade, e acima de tudo, senti-me ausente de mim próprio... Levaste uma parte de mim Contigo... Levaste a felicidade que uma vez houve em mim... Deixaste apenas a mágoa e a Saudade....
Quis despedir-me de Ti... Quis acreditar que ainda tinha essa hipótese, que ainda podia dizer adeus, que ainda podia sentir-Te em mim uma última vez... Quis Beijar-te...
Mas tu já não estavas ali... Ao levantar o lençol vi a tua cara... Mas já não eras Tu... A Tua cara tinha uma cor estranha, diferente, uma cor que eu nunca tinha visto na minha vida... Era a cor da Morte... Ainda assim acreditei... Acreditei que ao Beijar-Te iria sentir-Te uma última vez... Acreditei que num momento de loucura podia viver tudo aquilo que criámos juntos... Mas ao Beijar-Te não te senti... A tua cara estava fria, distante, ausente... Os meus lábios apenas sentiram o passado, que tal como Tu, nunca vai regressar...
Nada me fará esquecer-Te, nada fará com que o que resta de Ti se vá embora, nem mesmo a Morte... Nem mesmo ela, rainha da solidão, dona da Saudade, irá destruir o que fomos... Nem mesmo ela pode fazer isso...

Para sempre te Amarei, para sempre te recordarei...
Foste a minha vida e o meu refúgio,
A que rompeu a corda que eu nunca cortei...
A corda que me sufocava...
A corda que nunca esquecerei...

7 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Bem... os teus textos fazem duas coisas em mim, uma delas é perguntar a mim mesma o que te inspira para escrever estas palavras, e outra é que as tuas palavras tocam-me de uma certa maneira. E este texto toca em duas coisas. Uma delas é pensar na morte em si, mesmo quando alguem morre, é das piores dores que podemos ter, porque fica um vazio dentro de nós, que por mais pessoas q conheçamos, isso nao muda. E outra nao é a morte em si, mas sim quando alguem que amamos, simplesmente vai embora, e é como se tivesse morrido, porque já nao existe na nossa vida daquela forma q existia antes. **

domingo, 31 dezembro, 2006  
Blogger Codinome Beija-Flor disse...

Olá,
Vim retribuir sua visita.
Foi impossive contar a emoção após ler seu post.
Nem sei ao certo o que dizer, já sofri forte dores, mas não essa.
~Sei que não serve de consolo, mas você teve o encantamento do amor e teve retribuição dele. Há tantos os que não fazem a menor idéia do que é amor.
Um forte abraço.

quarta-feira, 03 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse...

Obrigada pela coragem que me permite agora esta possibilidade.

De onde estou vejo que a possibilidade que se transformou na sua melhor expressão.

Obrigada,
P

terça-feira, 09 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse...

...A morte é a unica coisa que temos assegurada na nossa vida... no entanto continuamos a receá-la, a teme-la..a odiá-la até...Principalmente quando nos tira alguem...
Porque é que a vida dá, se depois tira?
Mas...será a morte o fim? Será ela o pano que cai sobre o palco quando a peça termina?
Então que é depois feito dos actores principais e até dos figurantes que percorrem o palco da nossa vida? Desaparecem para todo o sempre?

A dor, o tempo atenua-a; as recordações, o espirito guarda-as; mas as saudades, nem o vento mais forte as leva.

Então que fazemos com o vazio que fica? Nao ha maneira de o preencher? Nao...

Teremos de ficar á espera da nossa vez, para que nos possamos juntar aqueles que foram?

...mundo estranho este...

______x______

"What's the worst that I can say?
Things are better if I stay
So long and goodnight
So long and goodnight
And if you carry on this way
Things are better if I stay
So long and goodnight
So long and goodnight

Can you hear me?
Are you near me?
Can we pretend to leave and then
We'll meet again
When both our cars collide?"

quarta-feira, 24 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse...

As pessoas realmente ainda me conseguem surpreender.E tu acabaste de faze-lo depois de ler o teu blog que esta sem duvida alguma bestial.

Gostei da cada palavra que escreveste,acho que te expressas de uma forma lindissima,embora triste e solitaria mas ainda assim posso dizer que os teus textos tem uma beleza que nao consigo explicar.

Quanto a este tema..a morte.Pelo que consegui perceber perdeste alguem que era vital a tua existencia.Imagino o quanto deve ser ter sido doloroso para ti habituares-te a ideia de que aquela pessoa ja nao estava ali.

é um tema realmente triste e confesso que as palavras me abandonam quando penso no teu texto.a forma como descreves a sua ausencia é surreal.nota.se que o teu sofrimento é enorme e permanece ha muito tempo ctg.
nOta-se tao bem que nao conseguiste superar a sua ausencia e que ela ainda vive em ti.

Escreves muito bem mesmo.Vou contniuar a visitar este teu magnifico espaço porque fiquei rendida a tua forma de escrever.

Um beijo

segunda-feira, 19 fevereiro, 2007  
Blogger Diana disse...

Nunca mais me esquecerei daquele dia... Pela segunda vez via a morte deitada no caixão de madeira. Era uma quarta feira e, durante o ultimo fim de semana, tinha ouvido uma musica lindíssima... Naquele dia vi-te. Como toda a alegria se foi. A apatia entrou como onda gigante pelo meu coração. E durante meses, a música que inicialmente associei a sonhos no meu mundo, passou a ser a música da tua alma... Uma música sobre ti, sobre mim, sobre todos nós...

Andain

Can I change my mind
did I think things through
It was once my life -
it was my life at one time

Got up early, found something's missing
my only name.
No one else sees but I got stuck,
and soon forever came.
Stopped pushing on for just a second,
then nothing's changed.
Who am I this time, where's my name
I guess it crept away.

No one's calling for me at the door.
And unpredictable won't bother anymore.
And silently gets harder to ignore.
Look straight ahead, there's nothing left to see.
What's done is done, this life has got it's hold on me.
Just let it go, what now can never be.

I forgot that I might see,
So many beautful things.
I forgot that I might need,
to find out what life could bring.

Take this happy ending away, it's all the same.
God won't waste this simplicity on possibility.
Get me up, wake me up, dreams are filling
this trace of blame.
Frozen still I thought I could stop,
now who's gonna wait.

No one's calling for me at the door.
and unpredictable won't bother anymore.
and silently gets harder to ignore.
look straight ahead, there's nothing left to see.
what's done is done, this life has got it's hold on me.
just let it go, what now can never be.

Now what do I do
can I change my mind
did I think things through

It was once my life - it was my life at one tïme

quinta-feira, 17 julho, 2008  
Blogger Bruno disse...

Olá, obrigado pelo teu comentário!
Gostei especialmente deste texto temo é que tenha sido mesmo real para ti..
É um texto muito sentido e que me emocionou a mim e olha que por vezes não é fácil..
P.S: Vai passando pelo meu que eu tou sempre a postar novos poemas..
Abraço[]

quinta-feira, 31 julho, 2008  

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