quarta-feira, 13 de setembro de 2006

O abismo, refúgio e companheiro

Meu único refúgio. O único local onde me sinto seguro. Longe de tudo, longe de ti, longe de mim. Onde descanso no cansaço, onde recupero as forças que nunca tive e que nunca me acompanharam. Onde me torno a minha própria sombra, onde sei que não espero nada de mim próprio. É neste local onde enfrento a minha própria realidade, o meu próprio mundo. Aqui estou seguro, aqui estou sozinho. Aqui liberto a minha raiva e deixo o meu verdadeiro "eu" tomar conta de mim. A solidão, a tristeza, a dor, o desespero a vontade de desaparecer, de deixar de existir. Talvez sejam estes todos os sentimentos considerados horríveis e que nos causam mais sofrimento, mas é tudo o que tenho, tudo o que sou e por isso deixo-me abraçar e consumir por todos eles. A minha mente vagueia por locais assombrados, por abismos dentro do abismo. Aqui não há nada nem nunca houve nada. Ninguém lá foi nunca ninguém lá irá sem ser eu. Tudo isto me faz sentir verdadeiro, como se a dor fosse a única coisa que alguma vez me tocou. Não escolho este local por ser diferente da realidade: tudo o que sinto aqui é um reflexo mais nítido do que sou. Mas aqui tudo faz sentido, é normal sentir-me sozinho quando a solidão me rodeia, é normal sentir desespero quando a esperança nunca aqui esteve. É um conforto da realidade: os sentimentos negativos fazem sentido. Estarei sempre aprisionado neste local, neste inferno infinito. Aqui ficarei, aqui existirei... Para sempre sentindo a tua falta, tu que nunca exististe, tu que eu amei, tu que atormentaste o meu ser durante anos... Fruto da minha imaginação foste o melhor que tive em toda a minha vida, e ainda assim foste tu que me conduziste á desgraça... Estou aprisionado neste abismo por existires. Estarei sempre aqui, nunca esperando que regresses do local para onde nunca foste... Volta, quero-te comigo... Sei que nunca estiveste comigo, sei que fiquei louco pela tristeza mas és tudo o que tenho... És a razão do meu chorar, das minhas lágrimas eternas, lágrimas vazias, estranhas para mim próprio... Tu, Vida, fruto da minha mente, tormento imperceptível, agonia sincera... Desejo que nunca tenhas existido... Mas já nem sei se alguma vez exististe ou se sempre te imaginei... Fujo de ti neste abismo, mas tu segues-me para sempre, rindo-te da minha desgraça... Mas não te odeio... Adoro-te... Para sempre ficarás a meu lado sem me deixares tocar-te... Neste abismo te confronto, neste abismo esperarei que desistas de mim... que desapareças, deixando-me sozinho, como sempre me senti...

5 Comentários:

Blogger Sofia disse...

Olá,
Estava a passear pela internet quando encontrei o teu blog. Gostei muito.
Abraços,

sexta-feira, 15 setembro, 2006  
Blogger NLT disse...

I'm taking a Spanish class...."Como esta usted?" aren't Spanish and Portugeise (I know I spelled that wrong) alot alike?...maybe not...lol

sexta-feira, 15 setembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse...

Bem... o teu texto :x ai se calhar somos parecidos sim como disseste algum tempo atras ( nao sei se t recordas), mas lembro-me vagamente das conversas que ja tivemos. Hum... adorei o texto, o teu sentimento por esse alguem que "nao existiu" recorda-me algo do meu passado, que ja falei disso contigo... E para quem dizia que o blog nao era nada de especial, acredita que é, ja agora a imagem corresponde ao que imaginei mais ou menos do teu quarto. Beijos* Qualquer coisa podes falar comigo, ou mandar sms.

quinta-feira, 19 outubro, 2006  
Blogger Codinome Beija-Flor disse...

A solidão é tão cruel que nem mesmo deixa um lugar para o nosso próprio "eu".
Não sei se vc apenas escreve sobre a dor, ou se realmente vive essa dor.
Seja o que for, é profundo a sua forma de escrever.
Abraços

quinta-feira, 04 janeiro, 2007  
Blogger Diana disse...

Dylan Thomas

Do not go gentle into that good night,
Old age should burn and rave at close of day;
Rage, rage against the dying of the light.
Though wise men at their end know dark is right,
Because their words had forked no lightning they
Do not go gentle into that good night.
Good men, the last wave by, crying how bright
Their frail deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage against the dying of the light.
Wild men who caught and sang the sun in flight,
And learn, too late, they grieved it on its way,
Do not go gentle into that good night.
Grave men, near death, who see with blinding sight
Blind eyes could blaze like meteors and be gay,
Rage, rage against the dying of the light.
And you, my father, there on the sad height,
Curse, bless me now with your fierce tears, I pray.
Do not go gentle into that good night.
Rage, rage against the dying of the light.


Bob Dylan

I will not go down under the ground
"Cause somebody tells me that death's comin' 'round
An' I will not carry myself down to die
When I go to my grave my head will be high,
Let me die in my footsteps
Before I go down under the ground....

quinta-feira, 17 julho, 2008  

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