sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Negando-Te

Deitado na cama, debaixo dos lençóis, olho para a janela e tento ver o dia que há muito começou. É mais um dia de Sol, um dia quente e iluminado, propício para um passeio ou algo desse género. Mas neste dia não quero passear... Neste dia limito-me a estar deitado e a observar a Luz que entra no meu quarto, a Luz de um Sol que já não me aquece... Em cada dia que Este aparece no Céu, brilhando e chorando Luz e contentamento na sua infinita alegria, sinto a dor de algo que já abandonei. O calor do Sol já esteve comigo, já me aqueceu, já me confortou, já me irradiou com a sua felicidade, mas neste dia apenas sinto o frio e a solidão da minha própria alma... O Sol permanece como uma fotografia na parede que sempre lá esteve, mas que nem sempre nos trouxe a alegria do seu momento. O Sol entra assim dentro do meu quarto, talvez chamando-me, talvez querendo dar-me o seu calor, mas em mim já não resta a vontade de outros tempos.
Deitado na cama, debaixo dos lençóis, tento descobrir algum calor, algum refúgio deste frio gelado, desta brisa que parece imortal, e que me mata lentamente, numa morte insensível e gelada. Tremo ao não conseguir combater o frio, ao não suportar mais um único segundo da sua solidão inerente e da sua melancolia impiedosa. Não consigo viver assim.. Será este o meu destino, a minha sina? Estarei condenado a morrer sozinho, gelado num dia de Sol? Não sei o que fiz para o merecer... Ou talvez até saiba mas recuso-me a admiti-lo.
Sem me aperceber, dou por mim a pensar em algo que me traz algum calor... Há algo na minha mente com uma força tremenda, que consegue amenizar o frio... Não tenho percepção da sua forma, é apenas um vulto, uma sombra, algo aparentemente indiferente, mas que me consome de uma maneira especial... Talvez esjas Tu que me aqueces... Talvez seja tudo o que sinto por ti, o sentimento que nunca deixei voar, talvez por não me ter apercebido da imensidão das suas asas... Ou talvez por negá-lo...
Sei agora que nem tudo me abandonou, sei que posso voar nas asas que Tu me deste, sei que posso chegar perto do Sol e quase tocá-lo e sei que não voarei... Sei que o medo não me deixará voar, ou talvez saiba que sou eu que escolho não voar... Porque se voar bem alto, a queda será tremenda, e se já me encontro no chão, porquê sentir a dor de um contacto violento? Eu próprio não sei se posso descer mais, se me posso perder mais, se posso morrer mais, mais do que já morri...
O pequeno calor que Me trouxeste rapidamente começa a desaparecer... E lentamente começo a perder todas as forças, até mesmo aquelas que nunca julguei ter... Talvez agora desça ainda mais e morra ainda mais do que já morri.... Mas quem sabe? Talvez o Reino dos Sonhos não me tenha abandonado, talvez Ele esteja preparado para me receber novamente, e dar me o descanço e a "paz" de que preciso... Talvez seja Ele que me chama, trazendo-me uma Salvação temporária...

4 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

"Será este o meu destino, a minha sina? Estarei condenado a morrer sozinho, gelado num dia de Sol? Não sei o que fiz para o merecer... Ou talvez até saiba mas recuso-me a admiti-lo."

Bem como diz o titulo do livro que te emprestei ninguem morre sozinho, todos nos temos alguem que gosta de nos, por vezes as pessoas fecham em si mesmas, e tornam quase impossivel haver aproximaçao entre a tal pessoa com os outros. Porque nao tentar falar do que atormenta aos outros? Claro que esses outros, nao podem ser um outro qualquer, mas sim alguem que a partida saibamos que e de confiança. E o ser humano nunca esta sozinho, porque tem a si mesmo, e tem que aprender a viver consigo mesmo, porque se nunca aprender a viver consigo mesmo, tambem nao conseguira viver com outras pessoas. E porque nao soltar as asas e voar? se nao perderes o medo, nunca saberas se consegues voar ou nao.

Gostei da imagem e do texto em geral, apesar de ter gostado mais dos anteriores. Sou tua fa. =D ********

sexta-feira, 17 novembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse...

"... Sei que o medo não me deixará voar, ou talvez saiba que sou eu que escolho não voar... Porque se voar bem alto, a queda será tremenda, e se já me encontro no chão, porquê sentir a dor de um contacto violento? Eu próprio não sei se posso descer mais, se me posso perder mais, se posso morrer mais, mais do que já morri..."

Deixar de voar pelo medo de cair?
Nao cometas esse erro. O mesmo erro que que deixou muitos homens entorpecidos na sombra dos seus medos.
Preferes chegar ao fim sabendo que poderias ter subido mais alto que qualquer um e que nao o fizeste por medo?
Nao ha mal nenhum em cair, antes pelo contrario!
Ao menos sabes que tentaste... alem do mais ha sempre Algo, por mais que nao O vejas, por mais que nao O sintas, para te amenizar a queda...

"Believe in angels, they believe in you
Spread your wings, there is more than this
darkness
Open your eyes, the horizon has no end
You can see forever, you can know all time
You can live forever..."
(Eternal rise of the sun)

domingo, 19 novembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse...

esse texto identifica-se comigo em aspectos do passado.

Espero que as asas nunca te falhem e que possas voar sem ter medo de cair.

Abraço

sábado, 03 fevereiro, 2007  
Blogger Diana disse...

Mike Oldfield

Amazing grace! How sweet that sound
Has saved a wretch like me.
I once was lost, but now I'm found;
Was blind, but now I see.

And I, want to feel sun on my face.
And I, I feel a shadow in its place.

Was grace that taught my heart to fear,
and grace my fears relieved.
How precious did that grace appear
the hour I first believed.

And I, want to feel sun on my face,
And I, I feel a shadow in its place.

We're the sunlight shining through cloud,
When we're standing free, proud.
We're the sunlight shining through cloud,
When we're standing free, proud.

Through many dangers, toils and snares
I have already come.
'Tis grace hath brought me safe thus far,
and grace will lead me home.

And I, want to feel sun on my face,
And I feel a shadow in its place.

We're the sunlight shining through cloud,
When we're standing free, proud.
We're the sunlight shining through cloud,
When we're standing free, proud.

quinta-feira, 17 julho, 2008  

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